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O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou público, nesta sexta-feira (9), o vídeo na íntegra da reunião que motivou operação da Polícia Federal sobre tentativa de golpe de Estado. Nas imagens, aparecem Jair Bolsonaro (PL) e aliados.
Segundo o STF, a decisão de tornar público a gravação é do ministro Alexandre de Moraes, devido à veiculação parcial ou editada de trechos da reunião que foram divulgados pela imprensa.
“Diante de inúmeras publicações jornalísticas com a divulgação parcial e editada de trechos da reunião ocorrida em 5 de julho de 2022 entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, que faz parte das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito, o ministro Alexandre de Moraes tornou pública a íntegra do vídeo”, informou o STF.
O arquivo, que tem 1h30 de duração, pode ser acessado por meio do site do Supremo Tribunal Federal.
Em um dos trechos que a Band já havia divulgado, Jair Bolsonaro pediu ação de ministros e militares em reunião secreta. Na imagem, o ex-presidente pede uma ação antes das eleições de 2022 e diz que o Brasil teria uma guerra caso a esquerda ganhasse e a reação ocorresse após o pleito.
“Nós sabemos que se a gente reagir depois das eleições, vai ter caos no Brasil, vai ser uma guerrilha, agora quem tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta ter 80% dos votos, vai ganhar as eleições”, disse Bolsonaro.
Em outro vídeo, Bolsonaro reforça que o governo não poderia deixar as eleições chegarem e Lula, então candidato, ganhasse. “Todos aqui temos inteligência bem acima da média, como todo povo ali fora tem algo a perder, não podemos deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado. Parei de falar de voto e eleições há três semanas, acho que chegamos à conclusão que devemos fazer algo antes”
O ex-presidente também declarou na reunião em que pediu ação dos ministros e militares antes das eleições que o Tribunal Superior Eleitoral e outros órgãos da Justiça estavam “preparando as eleições para Lula ganhar no primeiro turno”.
Na reunião, o então presidente da República afirmou que a eleição seria “na fraude e iria mostrar como e porque”. “ Alguém aqui acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Acredita que eles vão fazer eleições isentas, tão preocupados em fazer Justiça, seguir a Constituição? De tudo que estão vendo acontecer”, afirmou.
No vídeo, ele cita que foi eleito em 2018 por acidente. “Essa cadeira aqui é uma cagada, eu estar aqui é uma cagada, não vai ter uma cagada dessas no Brasil, cagada do bem, vou deixar claro. Como ganho uma eleição, um f**ido como eu? Um deputado baixo clero, ‘escrotizado’ na Câmara, sacaneado, uma p*rra de um deputado”, disse.
Bolsonaro também pede na reunião uma proposta de membros da então Comissão de Transparência Eleitoral para definir a lisura das eleições, que tinham condições “impossíveis de serem atingidas”. “Tem que botar algo escrito, pedir para a OAB, que vai dar credibilidade para a gente, Polícia Federal, uma nota conjunta, dada as condições de se definir a lisura das eleições”, afirmou.
“Vocês sabem o que está acontecendo, acham que esses caras estão de brincadeira? O que está em jogo é o bem maior que nós temos enquanto estamos aqui na Terra, é a p*rra da liberdade. Vamos ter que reagir”, disse na reunião e citou o papel das Forças Armadas no TSE:
“O TSE cometeu erro, quando convidou as Forças Armadas de trabalhar na Comissão de Transparência Eleitoral. Mas foi excelente, eles esqueceram que sou chefe supremo das Forças Armadas?”, questionou.