DA REDAÇÃO COM ASCOM ©
Também conhecida como acordeom e gaita, a sanfona é um instrumento indispensável à Cultura do Nordeste. Forte ativo nas músicas de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, ela está presente na história dos gêneros forró, xaxado e baião.
Além disso, ela tem grande atuação na cultura sertaneja e rural. Para muitos, é um dos instrumentos mais difíceis de se tocar, mas não deixa de ser a diversão para quem gosta de um arrasta-pé. É o que relata Wagner Alves (25): “A sanfona, dentro do imaginário nordestino, é a alegria do povo, e ser sanfoneiro é ser esse transmissor de alegria. Nesta época do ano, a gente chega nos lugares e é sempre bem recebido. É comum do Nordeste essa felicidade”, afirmou o sanfoneiro.
Wagner toca sanfona desde os 14 anos de idade e se sente honrado em carregar consigo um instrumento que é símbolo da cultura nordestina: “Eu acho que a música nasceu para todos, mas nem todos nasceram para a música. Nesse sentido, eu acho que a sanfona me escolheu e não eu que escolhi ela. É muito importante chegar nos locais e ser bem recebido. Poder fazer isso é muito prazeroso e principalmente representar as raízes”, disse
Quem também partilha deste mesmo sentimento é Pedro Aquiles, 16, que há dez anos toca sanfona e se orgulha de poder tocar “em casa”: “Me sinto privilegiado em ter a honra de tocar esse instrumento, logo eu que nasci na terra do Maior São João do Mundo, tocar no São João de Campina, com certeza, é um sonho de todo sanfoneiro”.
Pedrinho Sanfoneiro tem uma relação muito forte com a sanfona. Ele conta que o instrumento não é um simples objeto que emite som, mas é um modo de expressar sentimentos sem usar palavras.
A importância dos sanfoneiros no São João
Nos festejos juninos, a sanfona se introduz como elemento em comum na fundação do que é o forró, xaxado e baião. Formando uma trindade com a zabumba e o triângulo, esse complexo instrumento sintetiza toda a sonoridade do São João. E os sanfoneiros garantem que ela sempre terá lugar especial nos festejos.
Ian Messias, 16, sanfoneiro desde os 6 anos de idade, adentrou no universo musical por influência dos pais e hoje encara com responsabilidade a missão de tocar no período junino: “Para mim, tocar nas festas juninas é emocionante, pois carregar um pedaço da nossa cultura junina tem certa responsabilidade. Ao mesmo tempo que interpretamos do nosso jeito as músicas dos clássicos artistas que nos influenciam, mantemos a imagem e boa música deles em evidência”, concluiu.
Mas, mesmo estando numa terra que respira forró, quando o assunto é reconhecimento, os sanfoneiros não estão satisfeitos. Wagner Alves afirmou que apesar de haver um pouco de valorização durante o São João, os músicos são discriminados ao longo do ano. Ian acredita que mesmo durante o mês junino há desvalorização, e Pedrinho contou sobre as dificuldades de um pagamento justo para os musicistas locais:
“A maioria dos contratantes não querem pagar um cachê digno e que dê para arcar com os custos existentes em uma banda ou trio de forró, mas isso obviamente só acontece com os artistas da terra. Para outros artistas, os cachês milionários são aceitos sem problema algum. Um ponto a ser citado, é o fato de estarmos na cidade do ‘Maior São João do Mundo’, mas boa parte das atrações não tem nem relação com o forró.”
Não existe São João sem forró. Não podemos falar de forró sem lembrar da sanfona. E não há sanfona sem sanfoneiro, este que não esquece a missão que é transmitir alegria a todos por onde passa.
Esperamos deste São João, que já bate à porta, muita festa, valorização e tradição.
*Reportagem: Sara Kely/ Fotografia: Arquivo Pessoal/ Editoria: Gabryele Martins