JORNAL DA PARAÍBA //
Um Sertão fértil e de muitos sabores. São pés de manga, goiaba, acerola, melância e caju. Um Sertão resistente, que se recusa a negar a própria natureza. Um Sertão potente e produtivo.
É assim que muitos agricultores da Paraíba enxergam a sua terra nesse novo momento de descoberta de uma nova riquiza energética. Em quase todas as propriedades da comunidade Poços de Baixo, na zona rural de Teixeira, a 307 km de João Pessoa, há dezenas de pés de frutas. Muita fartura, que há algum tempo também trazia desperdício. Mas aos poucos, segundo eles, o estrago foi diminuindo.
Tudo começou em 2009 quando foi instalada uma unidade de beneficiamento para transformação em polpas, destaca Vânia Lúcia Alves, agricultora e presidente da Unidade de Beneciamento de frutas da comunidade.
Depois que instalamos a unidade de beneciamento as pessoas começaram a zelar, a cuidar do seu pé de cajá, pé de umbu, começaram também a plantar. Tem agricultor que plantou mais de 100 pés de acerola. Aí ele cuida, zela e fornece essa fruta pra gente”, comemora.
Mas foi há 3 anos que uma mudança significativa desembarcou na camunidade. Em 2020, os produtores tiveram um motivo extra para gastar energia com as frutas. A unidade recebeu placas solares. Os equipamentos geraram uma maior produção, com menos custos e renderam mais dinheiro pra todos.



“Nós conseguimos ampliar os freezeres. Antes a gente tinha uma dificuldade muito grande porque a energia não comportava a câmara fria e os freezeres. Depois que foram instaladas as placas acabou esse problema […] fazíamos uma espécie de revezamento. Dois dias deixávamos a câmara fria ligada, aí desligávamos e ligavamos os freezeres […] Nós pagávamos mais de 2 mil reais, hoje a gente paga mil, 1.200”, explicou Vânia.
São 60 agricultores beneficiados. 600 quilos de polpas produzidos por semana. Quando a safra é boa, segundo as agricultoras, parte do que é colhido vai parar na câmara fria por seis meses. Em formato de polpa, dura até um ano. Elas são vendidas para programas de governos municipais e estadual e para estabelecimentos privados.
Assunção Batista acompanhou bem de perto a mudança de comportamento na comunidade. Atualmente, a cada estação, tem fruta nova para colher. A dona de casa é uma das que fornecem o produto e também trabalha na produção das polpas.
“A gente leva as frutas, processa e vende”, explica.

A agricultora destaca que leva goiaba, acerola, manga. Tudo do quintal de casa. E ganha mais. “Ganhamos mais um pouquinho. Porque a gente não tira de tanto que tirava para pagar energia”.
Convencidas do benefício da energia solar nos custos e no aumento da produtividade, o grupo espera a melhor oportunidade para ampliar o sistema de placas.
“Hoje nós temos 10 freezeres e uma câmara fria. Se a gente tivesse mais uma outra câmara fria iria aumentar mais ainda […] por isso que nós estamos com fundo de reserva para ampliar. Nós iremos investir da própria renda para ampliar.
Para Felipe César, especialista em economia popular, o aproveitamento das riquezas do Sertão garante segurança alimentar em qualquer época. Até nos período mais difíceis de estiagem.
“Segurança hídrica, segurança alimentar . Produção para auto consumo, além da produção. Além da produção do autoconsumo, agora para as vendas no mercado. Com práticas de respeito ao meio ambiente,” destaca.
