CONGRESSO EM FOCO //
A operação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) nesta quinta-feira (25) tensiona a relação da cúpula do Senado com integrantes da oposição. Congressistas querem descobrir quem entre eles foi supostamente espionado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo apurou o Congresso em Foco, descobrir essa lista é visto como indispensável por líderes do Senado. Além disso, o presidente da Casa Alta, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já se mostrou irritado com o grupo político.
Na manhã desta quinta-feira (25), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, acusou a PF de perseguição e disse que Pacheco “deveria reagir e tomar providências”. Em resposta, o presidente do Senado soltou uma nota, sem citar o nome de Valdemar, dizendo que é “difícil manter algum tipo de diálogo” com quem faz política somente para obter mais fundo eleitoral e não sabe organizar a oposição.
“E ainda defende publicamente impeachment de ministro do Supremo para iludir seus adeptos, mas, nos bastidores, passa pano quando trata do tema”, disse Pacheco em nota.
O sentimento na cúpula do Congresso é uma reação a informações de que a Abin foi utilizada pelo governo Bolsonaro para espionagem de políticos e outras figuras do poder, como ministros do Supremo Tribunal Federal. Congressistas querem saber quais seriam os alvos das ações ilegais.
Ex-diretor da agência de inteligência, Ramegem foi alvo de de busca e apreensão em operação da PF nesta quinta-feira (25).
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A Operação Vigilância Aproximada apura um esquema de espionagem montado na Abin para monitorar, ilegalmente, autoridades públicas e cidadãos comuns. É uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado.
“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações” , diz a PF em nota. Ramagem afirmou que, por enquanto, não vai comentar a operação.