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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, comprometeu-se a ir ao Senado na primeira semana de março para falar da crise diplomática com Israel gerada após o presidente Lula comparar os ataques israelenses à Faixa de Gaza ao Holocausto. A presença do chanceler foi confirmada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Renan Calheiros (MDB-AL), autor do convite ao ministro.
“Convidei o chanceler Mauro Vieira para ir à CRE do Senado debater a crise com Israel, responder indagações e dúvidas. O ministro, como sempre, se prontificou a ir já na primeira semana de março, em virtude das agendas do G-20 e outros compromissos internacionais”, informou Renan por meio de suas redes sociais.
Aliado do governo Lula, Renan se antecipou à manobra da oposição para convocar Mauro Vieira. Senadores oposicionistas queriam aprovar a convocação do chanceler. Diferentemente do convite, a convocação causa constrangimento ao obrigar a autoridade a comparecer à audiência pública.
Nessa segunda-feira, o governo israelense declarou Lula “persona non grata” no país enquanto não pedisse desculpas. O embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Duque Estrada Meyer, foi repreendido e levado ao Museu do Holocausto, onde ouviu as queixas em hebraico – idioma que não domina. O episódio foi visto, no Itamaraty, como uma forma de humilhação.
Em entrevista coletiva no domingo, em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula comparou os ataques aos palestinos ao genocídio do povo judeu liderado por Adolf Hitler. “O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o brasileiro.
O governo Lula reagiu, chamou Meyer de volta ao país para “consulta”, em um ato de protesto, e convocou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar, para prestar esclarecimentos. Mauro Vieira se reuniu com Zohar e reclamou do tratamento dispensado ao representante brasileiro em Tel Aviv.
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A declaração de “persona non grata” é um instrumento jurídico amplamente reconhecido e utilizado nas relações internacionais. É uma prerrogativa que os Estados possuem para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo como tal em seu território.